Cabana Jack por Guitar Talks

MG 4213

Texto publicado via Guitar Talks.

Quando a banda santista Cabana Jack surgiu em 2014 para o grande público, o som impressionou e cativou fãs de imediato. Não à toa, os caras agradaram uma banca avaliadora do canal de streaming VEVO, faturaram o prêmio RockShow como “Artista Reggae do Ano” e por aí foi.

Com até então apenas o EP “ALVORAdA” na bagagem (um trabalho de sete tracks), estava na hora do grupo botar na praça um disco cheio. Com produção dos próprios músicos e mixagem e materização assinadas por André Freitas, 13 faixas dão vida ao disco “SIMPLES”.

Maurício Morais (bateria), Danilo Gonzalez (guitarra), Vitor Bueno (voz e guitarra), Gabriel Romão, (voz) e Bruno Pelloni (baixo e vocais) colocaram nesse registro uma infinitude de caminhos sonoros que surgem de influências como a dos conterrâneos do Charlie Brown Jr., mesclado ao pop do Marron 5 e Bruno Mars, além dos ‘veteranos da nova’ geração Blink 182, O Rappa e a reggae trip do Natiruts.

“Ele contém muitas ideias, muitas informações, muitos caminhos por onde prestar atenção e por onde se identificar”, resume o baterista Maurício Morais. E é por aí mesmo, um liquidificador de inspirações que começa com a faixa “Na Melhor”. Essa com uma good vibes ‘em busca da paz’, com guitarras limpas e bem grooveadas, intercalando com levada dedilhada e um rap.

Ah, cada música no YouTube ganhou um lyric video que é um capítulo à parte. Todos comandados com a elegância e delicadeza de Marcela Sanches, Murilo Oliveira e a própria banda. “Na Melhor” traz a câmera presa a um simpático e veloz cãozinho. “Somente a Ordem das Coisas” segue com backing vocals bem empostados e um vídeo sobre as águas do mar. É no mínimo uma experiência audiovisual relaxante.

“Perto Daqui”, eleita pela banda como a faixa mais acessível ao público, tem carão de single, com uma letra reflexiva (importante dizer que todas valorizam a mensagem na composição) que ressalta a necessidade de ‘se achar’, tem um telefonema no meio – aquele clichê que se bem usado cai bem. É o caso. É pop, mas é mais rock que as outras duas. Para embarcar no clima, a proposta é observar a chuva de cima de um muro ao lado de uma rua não muito movimentada. Essa, em especial, ganhou um outro clipe que você pode ver ao fim desse texto.

“Casinha de Madeira” traz a regueira de volta enquanto viajamos assistindo “a queda daquela cachoeira”. A qualidade técnica do grupo é notável. Violão, guitarra, gaita, baixo bem encontrado em cada espaço e uma bateria não preguiçosa que cresce com a canção (quando essa vira um rock), mas sem exagero de viradas e firulas.

Acredito que Chorão iria gostar de ver como são os olhos de um skate, como é mostrado no vídeo de “Chego Junto”. A mistura de rap com uma linha mais melódica casa bem nessa faixa. “Eterno Heróis”, vista do topo de um prédio, vem logo atrás com frases de impacto como “Pra que um corpo sem a alma? / Se isso faz perder a calma”.

O “Poder de Poder Entender” vem com outra voz declamando como um soneto moderno. O vídeo hipnotiza quando fixamos na tela que traz ilustrações legendando a canção. “O impossível é visível se a fé for um olhar”… versos como esse me fazem crer na força da banda para viralizar pela web com montagens inspiradas.

É fundamental frisar a sobriedade dos vocais de Gabriel Romão e Vitor Bueno em cada música. Nos três minutos e três segundos de “A Paz” a afinação e subidas fáceis agradam quem curte uma voz limpa e dicção perfeita, mas com uma rouquidão natural. De fato, o timbre de Romão se enquadra como uma luva para quem se propõe a fazer um som com levada reggae / ska. Para ilustrar, nada mais acolhedor que o nascer do dia.

As ampulhetas em “Túnel do Tempo” seguram nossa atenção de uma ponta a outra do vídeo. Destaco novamente as guitarras. Um timbre mais agudo no solo é um acerto sonoro – podem dizer que sou louco, mas a afinação remete um pouco o metal melódico. Vale conferir, pois a música é para viajar mesmo.

“Quem Sabe” te bota com os pés nas águas (ao menos no vídeo) para refletir sobre a vida e a bagagem das experiências. “Conselhos de um Antigo Futuro” vai no caminho certo com mais reflexões. Me chama a atenção a unidade sonora. Coisa de banda que sabe trabalhar cada instrumento para poder juntar tudo no final. Sincronia resume. Ah, a gangorra na praia vai te fazer pensar na vida, especialmente com o coral das crianças do Projeto Guri ao fundo.

A penúltima canção “Será o Certo?” se pauta nas decisões da vida. Se você curte dirigir, vai lembrar dela quando estiver ao volante na cidade. Mesmo gingada, as notas menores dão um clima mais introspectivo à faixa, que termina com a graciosa voz de uma moça nos dando a resposta para pergunta que permeia pela letra.

Para fechar, “Reflexo” carrega, como em todas as outras a questão da simplicidade, o que justifica o nome do debut album e crava o DNA da banda. Assim como o vídeo em tempo contrário. É “SIMPLES”, mesmo, mas muito bom!

Bora, vem ouvir!

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